Segundo maior indicativo de hospitalização pela Covid-19 e responsável por significativo aumento nos riscos de letalidade, o sobrepeso está intimamente ligado com a pandemia que se tornou a maior crise sanitária do último século. Continue a leitura e saiba mais sobre a obesidade na pandemia, sua relação e riscos. Vamos lá?
Com mais de um ano decorrido desde o início da pandemia que aturdiu o mundo e transformou nosso cotidiano por completo, muito conhecimento já foi adquirido. Hoje, o entendimento sobre a Covid-19, seus danos, agravantes e métodos de controle, é incomparavelmente maior que há alguns meses.
A tragédia despertou a necessidade de intensificar estudos, desenvolver novas pesquisas, métodos que nos trouxesse explicações sólidas sobre essa doença tão estarrecedora.
Um dos assuntos que esteve presente no cerne do problema desde o início da pandemia foi a obesidade. Embora o mundo já soubesse, em larga medida, o potencial nocivo desta condição quando associada a outros tipos de doenças, a chegada de um vírus desconhecido despertou um alerta vermelho no mundo científico e nos órgãos de saúde em todo o mundo.
Ainda que a obesidade seja interpretada como comorbidade e fator de risco desde o início da pandemia, 2021 tem sido um ano particularmente promissor na obtenção de novos aprendizados sobre obesidade na pandemia. Desde o início do ano, centenas de estudos foram realizados, dezenas de revisões e análises foram desenvolvidas em vários países, de modo que a clareza sobre os riscos do sobrepeso em um momento tão delicado é maior do que nunca.
Como parte das ações realizadas no Dia Mundial da Obesidade (04 de março), o instituto World Obesity publicou um extenso relatório sobre a obesidade na pandemia, intitulado “Obesity and Covid-19: The 2021 Atlas”.
Além de ser um rico documento, que traz análises detalhadas da relação entre a obesidade e a pandemia por país, o Atlas apresenta reflexões de grande importância sobre o modo como a obesidade vem sendo encarada no mundo.
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Altos índices de internações na pandemia podem estar relacionados com a obesidade?
A resposta é sim. Ou, ao menos, muito provavelmente. Pesquisa realizada por especialistas em 2020, e publicada na revista científica Science Direct, nos trouxe as pistas do quão grave pode ser a relação entre obesidade e covid-19. Após avaliar quase 400 mil pacientes no Reino Unido, observou-se que 8,6% das internações por Covid-19 decorreram da carência de atividades físicas e 29,5% foram oriundas do sobrepeso e obesidade.
Mesmo não sendo um número definitivo, pois seria preciso a realização de estudos em escala global, é alarmante saber que quase ⅓ das internações podem estar ligadas ao excesso de peso.
Além das internações, a obesidade também intensifica, segundo estudos, a necessidade de tratamento intensivo, ventilação mecânica assistida e risco de óbito.
Um risco evitável
Várias pesquisas envolvendo a relação da obesidade com a Covid-19 foram desenvolvidas ainda no início da pandemia. Desde então, várias críticas têm sido feitas sobre a ausência de ações práticas e campanhas voltadas para a redução de peso e o combate à obesidade.
A inclusão da obesidade como fator de risco, apesar de extremamente importante, não impactou diretamente a sociedade, uma vez que não foi associada à medidas de conscientização. Assim, o elevado índice de pessoas internadas ou vitimadas pela Covid-19 em decorrência da obesidade, configurou-se como um dano evitável, ou, minimamente, passível de sofrer reduções superlativas.
Obesidade e pandemia por país
Outro levantamento muito importante feito pelo World Obesity, trata da relação entre obesidade e pandemia em cada país afetado pela Covid-19.
Segundo o estudo, há um inegável padrão entre os altos números de pessoas afetadas pelo vírus e a quantidade de pessoas com sobrepeso e obesidade. Países com mais de 50% da população adulta nessa condição apresentou uma situação crítica na disseminação da pandemia, ao passo que países com menores índices de sobrepeso e obesidade apresentaram um índice menor de casos.
Tal análise, claramente essencial à interpretação do problema, não corresponde, entretanto, ao todo. Fatores como distanciamento social, políticas de combate à pandemia e cuidados com a saúde no geral, não podem ser descartados em hipótese alguma, sob o risco de estabelecer uma visão deturpada da realidade.
Um bom exemplo é a Nova Zelândia, país com mais de 60% da população adulta em estado de sobrepeso mas que, ainda assim, foi um modelo no combate à pandemia e apresentou números ínfimos de casos e óbitos por Covid-19.
O fato é: a obesidade, evidentemente, também contribui com o aumento do número de casos de um país. Entretanto, não é algo irreversível e pode ser atenuado desde que haja uma condução responsável no combate à pandemia.
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Obesidade na pandemia e seus impactos econômicos
Olhando superficialmente pode parecer um equívoco, mas não se engane. A obesidade possui uma parcela de participação na crise econômica gerada pela pandemia. Indiretamente, é claro, mas possui.
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), as perdas econômicas por conta da Covid-19 chegarão a cerca de 22 trilhões de dólares, entre 2020-2025.
Dentre as razões de tamanha queda, destacam-se as hospitalizações, terapias intensivas e os óbitos como sendo os principais responsáveis. Fazendo uso da pesquisa citada no início deste texto – que indica um possível índice de 29,5% de internações em decorrência da obesidade -, podemos afirmar que a participação da obesidade na crise econômica global, gerada pela pandemia e que se projetará até 2025, será de algo em torno de 6 ou 7 trilhões de dólares.
Este número, em contrapartida, é uma estimativa, uma hipótese levantada pelas pesquisas realizadas ao longo do último ano. Mas não se deve descartar a possibilidade de que elas, de fato, possuam conexão objetiva com a realidade.
E agora? Quais os próximos passos?
Como dito no início, embora trágica, a pandemia nos possibilitou adquirir muito conhecimento e consolidar suspeitas que se arrastavam ao longo das décadas. A obesidade é um problema real e, quando associado a uma crise sanitária sem precedentes, pode contribuir para que tenhamos resultados ainda mais devastadores.
Do momento em que vivemos, deverá ficar o aprendizado, a consciência de que poderemos sofrer novamente no futuro, talvez por problemas distintos, mas com consequências igualmente dolorosas. A obesidade é uma doença que deve ser enxergada com consciência e muita responsabilidade. Prevenção, informação e responsabilidade. Com este raciocínio poderemos colher resultados promissores no futuro.
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