Obesidade e depressão: a perspectiva do tratamento conjunto

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A obesidade e a depressão podem ser consideradas dois dos grandes males do século. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o segundo país com maior número proporcional de depressivos nas Américas, com 5,8% da população diagnosticada com a doença. Perdemos apenas para os Estados Unidos, com 5,9% de depressivos. A condição afeta cerca de 4% da população mundial.

A obesidade não possui números menos alarmantes. Acredita-se que cerca de 20% da população brasileira seja obesa, e mais da metade dos brasileiros pode se enquadrar na categoria acima do peso. A Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2018, revela outros dados preocupantes: 7,7% da nossa população adulta possui diabetes e 24,7%, hipertensão, condições que podem ser variantes da obesidade.

Apesar de preocupantes, essas informações acima não são necessariamente novas para a maioria das pessoas. A novidade aqui é o padrão identificado por um grupo de pesquisadores, que notou uma oportunidade de estudo instigante: o tratamento conjunto para ambas as condições. Tendo em vista que ambas as doenças podem andar de mãos dadas, porque não tratá-las em conjunto?

Essa abordagem holística – “multidisciplinar” é uma palavra que também caberia aqui – é o assunto principal do nosso texto. Tenha uma excelente leitura!

Uma nova forma de tratar obesidade e depressão

Ainda que preliminar, um grupo de pesquisadores já apresentou o primeiro estudo linkando obesidade e depressão. Publicado na revista eletrônica JAMA Network, o artigo “Effect of Integrated Behavioral Weight Loss Treatment and Problem-Solving Therapy on Body Mass Index and Depressive Symptoms Among Patients With Obesity and Depression” (livremente traduzido para “Efeito do tratamento de perda de peso comportamental integrado e terapia de resolução de problemas no índice de massa corporal e sintomas depressivos entre pacientes com obesidade e depressão”) estudou a rotina de 400 pacientes.

Metade dos inscritos participou de um programa de perda de peso comportamental, juntamente com uma terapia de solução de problemas para a depressão. Eles também receberam antidepressivos e outros medicamentos que eventualmente possam ter sido prescritos para cada caso específico.

O programa incluiu seis meses de tratamento intensivo, seguido de seis meses de manutenção. Os pacientes participaram de sessões de terapia presenciais e por telefone. Em outra frente, o componente de perda de peso consistia em mudanças na dieta, criação de uma rotina de atividades físicas e vídeos para estudo individual. As pessoas pretendiam perder de 5 a 10 por cento do peso.

As outras pessoas no estudo – o grupo de controle – continuaram com seus cuidados habituais, o que significava o tratamento de seu médico regular.

Após 12 meses, as pessoas no grupo de intervenção – que fizeram tratamentos combinados – observaram reduções “modestas” tanto no peso quanto nos sintomas de depressão, em comparação com o grupo de controle. As diferenças entre os dois grupos apareceram logo nos seis primeiros meses de estudo.

Os benefícios para o grupo de intervenção, entretanto, foram de “importância clínica incerta”, escreveram os autores no artigo. Os pesquisadores também afirmam que não está claro se os benefícios observados no novo estudo irão se traduzir em benefícios de saúde a longo prazo ou se as pessoas serão capazes de sustentar essas mudanças.

Apesar de preliminar e inconclusivo em vários pontos, o estudo é um importante passo para o desenvolvimento da nutrologia em tratamentos holísticos, e mais publicações devem se seguir ao redor do mundo.

O elo entre obesidade e depressão

Os pesquisadores estão cada vez mais tentando abordar a conexão entre certas condições de saúde, reconhecendo que muitas vezes elas estão interligadas.

De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (“Centros de Controle e Prevenção de Doenças”, órgão do governo estadunidense), 43% dos adultos com depressão têm obesidade, em comparação com 33% dos adultos sem depressão.

Além disso, adultos com obesidade têm mais probabilidade de ter depressão do que aqueles que não estão acima do peso.

Jennifer Linde, PhD, professora associada de epidemiologia e saúde comunitária da Universidade de Minnesota, diz que a relação entre as duas condições é “bidirecional”.

Por exemplo, um dos efeitos colaterais de certos medicamentos para a depressão é o ganho de peso. Além disso, as pessoas com depressão às vezes comem demais para controlar suas emoções.

“Em outros casos”, disse Linde, “as pessoas com peso corporal mais alto experimentam discriminação ou estigma relacionado à sua aparência física que pode levar a sentimentos de depressão ou diminuição da autoestima”. Isso pode resultar em um descontrole alimentar ou evitar exercícios em público, o que pode promover maior ganho de peso.

Algumas pesquisas sugerem que a depressão e a obesidade podem ser causadas por alguns dos mesmos mecanismos biológicos – fatores como genética, circuitos cerebrais, regulação hormonal ou bactérias intestinais.

Programas de tratamento holístico para obesidade e depressão

As pessoas podem sentir uma melhora no humor ao emagrecer, mas a professora Linde acha importante frisar que os programas de controle de peso padrão não têm o objetivo de tratar a depressão, uma vez que eles geralmente não incluem o acompanhamento por profissionais de saúde mental treinados.

Outros estudos têm examinado os benefícios da nutrição isolada para melhorar os sintomas de depressão. Um editorial da mesma edição da JAMA citada acima adverte sobre os perigos de tratar a depressão por um viés exclusivamente nutricional, excluindo profissionais de saúde mental do processo.

Apesar de todas essas ressalvas, a saúde em geral está mudando para uma abordagem mais holística, especialmente para ajudar pessoas com vários problemas de saúde. O Centers for Disease Control and Prevention, que citamos no tópico anterior, estima que 1 em cada 4 americanos se enquadra na categoria.

“O tratamento integrado de condições de saúde coexistentes é clinicamente correto e centrado no paciente”, concluiu o editorial da JAMA.

A professora Linde também acredita que é importante procurar maneiras de lidar com a obesidade e a depressão lado a lado, especialmente “em um sistema clínico onde muitos provedores de cuidados primários e psiquiátricos não estão equipados com tempo ou treinamento para fornecer aconselhamento intensivo de controle de peso a seus pacientes”. A fala da professora explicita a necessidade de uma abordagem multidisciplinar pelos próprios médicos.

Ela ainda complementa dizendo que isso precisa ser feito de uma forma que não aumente o viés do tamanho corporal ou a estigmatização do peso entre os pacientes. A empatia é realmente um componente indispensável para tratar essas pessoas.

“A intervenção para perda de peso e os cuidados clínicos em geral”, disse Linde, “devem ser realizados de maneira sensível às necessidades individuais e que não estigmatizem as pessoas com base no tamanho de seu corpo”.

Opte também pelo tratamento multidisciplinar

Por mais que o tratamento estritamente holístico ainda esteja em desenvolvimento ao redor do planeta, você pode fazer um acompanhamento médico multidisciplinar e que atue em ambas as frentes: obesidade e depressão.

Que tal integrar o tratamento nutrológico com o do seu profissional de saúde mental? Aqui, na clínica Dr. Bruno Cosme, nossa filosofia é a de melhorar sua qualidade de vida em todos os aspectos possíveis, com muito profissionalismo e empatia. Clique aqui e agende sua consulta em João Pessoa ou São Paulo.

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Sobre Dr. Bruno Cosme

Sobre Dr. Bruno Cosme

Dr Bruno Cosme é especialista em Medicina do Estilo de Vida e no tratamento da obesidade. Ele acredita que a chave para reverter a atual epidemia de doenças crônicas é a alfabetização científica. Ele cria textos educativos para ajudar as pessoas a recuperar a sua saúde através da alimentação e estilo de vida saudável, tentando simplificar a informação científica para causar impacto na decisão individual de ter saúde.

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